Infância e Origem
Abel Tesfaye nasceu em 16 de fevereiro de 1990, em Toronto, no Canadá. Filho de imigrantes etíopes, ele foi criado pela mãe e pela avó, uma vez que seu pai saiu de casa quando ele ainda era criança. A cultura etíope desempenhou um papel significativo em sua vida, especialmente porque sua avó só falava amárico, língua que ele aprendeu ainda pequeno. A conexão com suas raízes e as influências culturais foram fundamentais para a formação de sua visão de mundo.
Abel passou por uma infância e adolescência conturbadas, marcada pela instabilidade familiar e dificuldades financeiras. Ele abandonou a escola aos 17 anos e se mudou para uma área mais marginalizada de Toronto, onde se envolveu com drogas e festas, elementos que mais tarde ele exploraria profundamente em suas músicas.
Os Primeiros Passos na Música e o Surgimento de The Weekend
Em 2010, Abel começou a experimentar com gravações caseiras, publicando de maneira anônima no YouTube. Inicialmente, ele não revelava seu rosto, o que ajudou a criar uma aura de mistério em torno de sua música. O nome "The Weeknd" surgiu de um episódio da vida real em que ele e um amigo abandonaram suas vidas "em um fim de semana" (weekend) e nunca mais voltaram. Como o nome original "The Weekend" já era registrado, ele optou por remover a última vogal, mantendo o som e o conceito.
Com uma sonoridade sombria e confessional, ele trouxe uma nova dimensão ao R&B, misturando influências de Michael Jackson, Prince, Massive Attack e até de bandas como Cocteau Twins e Siouxsie and the Banshees. A proposta única atraiu atenção e curiosidade, especialmente pela autenticidade das letras e pela honestidade crua sobre solidão, vícios e experiências difíceis.
A Trilogia de Mixtapes e o Impacto na Cena Musical
Em 2011, ele lançou três mixtapes de maneira independente: House of Balloons, Thursday e Echoes of Silence. Esse conjunto de obras ficou conhecido como a Trilogy, e foi revolucionário por seu conceito sombrio e pela qualidade musical.
House of Balloons: Lançada em março de 2011, essa mixtape o apresentou oficialmente ao mundo. Com uma produção que mistura R&B alternativo, dark pop e elementos de eletrônica, o projeto foi muito bem recebido e foi indicado ao Polaris Music Prize. Faixas como "High for This" e "Wicked Games" marcaram o início de seu sucesso.
Thursday: Em agosto do mesmo ano, a segunda mixtape, Thursday, trouxe temas de relacionamentos complicados e o peso da fama emergente. A faixa "The Zone", com participação de Drake, destacou-se, pois Drake também era uma estrela em ascensão, e sua colaboração ajudou ambos os artistas a alcançar públicos mais amplos.
Echoes of Silence: Em dezembro de 2011, o último capítulo da trilogia, Echoes of Silence, aprofundou ainda mais a jornada de The Weeknd. Esse projeto explorou temas ainda mais obscuros e contou com uma cover de "Dirty Diana", de Michael Jackson, demonstrando a forte influência que o Rei do Pop tinha sobre ele.
Essas mixtapes causaram grande impacto, atraindo a atenção de críticos e da indústria. O som do The Weeknd era inédito no cenário mainstream, e ele rapidamente foi considerado uma das promessas do R&B contemporâneo.
Ascensão ao Mainstream: Kiss Land e Beauty Behind the Madness
Após o sucesso da trilogia, The Weeknd assinou contrato com a Republic Records e, em 2013, lançou seu primeiro álbum de estúdio, Kiss Land. Embora não tenha sido tão bem recebido comercialmente quanto seus trabalhos seguintes, Kiss Land consolidou a imagem sombria e introspectiva de The Weeknd. O álbum explorou temas de alienação e solidão e serviu como uma espécie de "diário" das experiências de vida e da luta para lidar com a fama e a vida pública.
A grande virada veio com o segundo álbum de estúdio, Beauty Behind the Madness (2015). O projeto trouxe hits globais como "Can’t Feel My Face," "The Hills" e "Earned It" (da trilha sonora de Fifty Shades of Grey). Esse álbum foi o primeiro a alcançar o topo das paradas e consolidou The Weeknd como um astro do mainstream. Além disso, ele levou o Grammy de Melhor Álbum Urbano Contemporâneo em 2016, enquanto "Earned It" foi indicada ao Oscar.
Starboy: A Consagração e a Reinvenção
Em 2016, The Weeknd lançou o álbum Starboy, que marcou uma nova fase em sua carreira. O álbum foi produzido em colaboração com o duo eletrônico Daft Punk, que trouxe uma estética mais eletrônica e futurista. A faixa-título "Starboy" foi um sucesso imediato e se tornou um símbolo da nova persona que ele adotou, uma combinação de escuridão e glamour. O álbum foi bem-sucedido tanto comercialmente quanto criticamente, e o consolidou como um dos maiores artistas da década.
After Hours: Sucesso Mundial e Expansão Artística
After Hours (2020) levou The Weeknd a um novo nível de fama global. O álbum foi um fenômeno, especialmente com o hit "Blinding Lights," que quebrou recordes e se tornou uma das músicas mais tocadas da década. Com uma sonoridade fortemente inspirada nos anos 80, After Hours também foi uma experiência visual: o personagem que ele interpreta nos clipes é um homem perturbado, com referências ao mundo do cinema e um visual que dialoga com a estética de Hollywood.
Dawn FM: Explorando a Era Pós-pandemia
Em 2022, ele lançou Dawn FM, um projeto que reflete a ideia de transição e renascimento. Concebido como uma "estação de rádio" com influências de synth-pop e house dos anos 80, o álbum é uma espécie de "passagem" para uma nova fase. O conceito criativo foi elogiado, e o álbum reforçou seu compromisso em sempre surpreender os fãs com novas estéticas e sonoridades.
Influência e Contribuições para a Música
Ao longo de sua carreira, The Weeknd expandiu o conceito do R&B, inserindo-o em contextos mais amplos e redefinindo o que o gênero poderia ser no século 21. Além disso, ele abriu portas para que outros artistas explorassem temas mais obscuros e íntimos.
Essa é a trajetória completa do The Weeknd até hoje. É impressionante como ele evoluiu, sempre se reinventando e trazendo temas profundos e complexos.
