Afrobeat surgiu na década de 1960, tendo como principal criador e desenvolvedor o músico nigeriano Fela Kuti, ao lado do baterista Tony Allen, que também foi essencial para o desenvolvimento do gênero. Fela Kuti estudou música na Inglaterra e foi influenciado por diversos estilos ocidentais, como o jazz, o funk e o rock psicodélico, além dos ritmos tradicionais africanos. Em 1969, após uma visita aos Estados Unidos, Kuti teve contato com o movimento dos direitos civis, que o inspirou a tornar sua música uma forma de protesto e conscientização social.
A criação do Afrobeat representou uma revolução musical e política. Em suas músicas, Fela abordava questões como a corrupção, a opressão, a exploração econômica e a desigualdade social na Nigéria e no continente africano. Essa mistura única de música e ativismo fez de Fela uma figura controversa e frequentemente em confronto com o governo nigeriano.
Nos anos seguintes, o Afrobeat foi se expandindo para além da Nigéria e da África, influenciando músicos e bandas em diversas partes do mundo. Em 1997, a morte de Fela Kuti marcou uma grande perda para o Afrobeat, mas o estilo continuou a evoluir. O gênero foi revivido por artistas como Seun Kuti e Femi Kuti (filhos de Fela), que continuam a tradição do pai com um enfoque próprio.
Nos anos 2000 e 2010, o Afrobeat ganhou ainda mais popularidade global e uma nova roupagem com o surgimento do Afrobeats (no plural), um estilo relacionado que mistura Afrobeat com elementos de hip hop, dancehall, e música eletrônica. Essa vertente é representada por artistas como Wizkid, Burna Boy e Davido. Embora muitas vezes confundido com o Afrobeat original, o Afrobeats tem uma abordagem mais comercial e dançante, voltada para o público jovem global.
Hoje em dia, o Afrobeat é reconhecido mundialmente e continua influenciando a música pop, o jazz e o hip hop, com uma presença significativa na cena musical internacional.
Vários músicos contemporâneos e pioneiros são reverenciados por seu papel no Afrobeat e nas suas ramificações, como o Afrobeats. Estes artistas não apenas perpetuam o legado de Fela Kuti, mas também trazem uma nova abordagem, fundindo o Afrobeat com ritmos e sons modernos para alcançar uma audiência global. Vamos a alguns dos nomes mais destacados e influentes até hoje:
1. Fela Kuti (1938–1997)
Conhecido como o "pai do Afrobeat", Fela criou o estilo ao lado do baterista Tony Allen. Suas músicas abordam questões políticas e sociais, criticando a corrupção e a opressão na Nigéria. Suas faixas icônicas, como "Zombie" e "Water No Get Enemy", são longas e expansivas, cheias de seções instrumentais e de improvisação.
Seu legado continua a ser celebrado através de festivais e produções musicais, como o musical da Broadway FELA!.
2.Tony Allen (1940–2020)
Considerado o "pai do ritmo Afrobeat", o baterista Tony Allen trabalhou ao lado de Fela e é responsável por criar a batida característica do gênero, que combina complexidade rítmica e groove intenso. Após seu trabalho com Fela, Allen explorou diversos estilos, incluindo jazz e eletrônica, mantendo o Afrobeat vivo e em evolução.
Seus trabalhos solo e colaborações com artistas de jazz e música eletrônica, como Damon Albarn e a banda Rocket Juice & the Moon, mostram sua versatilidade.
3. Seun Kuti e Egypt 80
Seun Kuti, o filho mais novo de Fela, assumiu a banda de seu pai, Egypt 80, após sua morte. Ele manteve viva a tradição do Afrobeat original, mas também explora novos temas e estilos em suas músicas. Seun é conhecido por seu posicionamento político forte, com músicas que abordam as lutas da população africana.
Álbuns como Black Times mostram sua habilidade em misturar política e música, e ele continua atraindo novos fãs ao redor do mundo.
4. Femi Kuti
Outro filho de Fela, Femi Kuti, também carrega o legado do pai. Ele introduziu influências de jazz e funk à sua versão do Afrobeat, mantendo o tom crítico e político. Femi é conhecido por sua presença energética no palco e pela habilidade de tocar saxofone, uma marca de sua música.
Álbuns como Africa for Africa e Day by Day destacam seu estilo único e seu ativismo.
5. Burna Boy
Burna Boy é um dos artistas mais famosos da nova geração de Afrobeats, com grande influência do Afrobeat original. Seu estilo é uma fusão de dancehall, reggae, hip hop e Afrobeat, e ele usa essa mistura para falar sobre questões africanas e globais.
Em seu álbum African Giant (2019), Burna Boy explora temas de identidade africana e imperialismo. Em 2021, ele ganhou um Grammy com o álbum Twice as Tall, reforçando sua presença internacional.
6. Wizkid
Wizkid é um dos maiores nomes do Afrobeats moderno. Seu estilo mistura Afrobeat com elementos de pop e hip hop, tornando suas músicas altamente dançantes e acessíveis. Ele alcançou reconhecimento global com sucessos como "Ojuelegba" e sua colaboração com Drake em "One Dance".
Com o álbum Made in Lagos (2020), Wizkid consolidou-se como uma figura central no cenário global do Afrobeats, unindo colaborações com grandes artistas internacionais e africanos.
7. Davido
Davido é outro grande nome do Afrobeats, conhecido por hits como "Fall" e "If". Sua música é influenciada tanto pelo Afrobeat quanto por estilos globais de pop, o que o ajudou a construir uma base de fãs global.
O álbum A Good Time (2019) e A Better Time (2020) trouxeram parcerias com artistas americanos, expandindo ainda mais sua popularidade fora da África.
8. Tems
Tems é uma cantora e compositora nigeriana que ganhou popularidade pela sua voz única e sua contribuição para o Afrobeats moderno. Sua música mistura Afrobeat com R&B e soul, criando um som intimista e inovador.
Ela ganhou reconhecimento global por sua colaboração em "Essence" com Wizkid e foi nomeada a prêmios internacionais importantes, trazendo uma nova sensibilidade ao gênero.
9. Yemi Alade
Yemi Alade é uma das vozes femininas mais proeminentes no Afrobeats. Ela combina elementos do Afrobeat com música pop e highlife, e é conhecida por suas letras positivas e de empoderamento feminino.
Seu sucesso "Johnny" foi um dos grandes hits que consolidou sua carreira internacional.
10. Mr Eazi
Mr Eazi é outro nome de destaque no Afrobeats, conhecido por seu estilo descontraído, o "Banku music", que mistura Afrobeat e highlife. Ele é também um empresário e fundador da plataforma emPawa Africa, que apoia artistas emergentes africanos.
Suas colaborações e seu trabalho como mentor de novos talentos têm ajudado a expandir o alcance do Afrobeats no cenário internacional.
Esses artistas e outros continuam a redefinir o Afrobeat e Afrobeats, fazendo do estilo uma das vertentes musicais mais vibrantes e inovadoras do mundo.
